O ombro é a articulação mais móvel e menos restrita do corpo humano. É a combinação complexa de estabilizadores estáticos e dinâmicos que confere à articulação glenoumeral a sua mobilidade com estabilidade funcional. O conjunto dos músculos supraespinhoso, infraespinhoso, pequeno redondo e subescapular formam a coifa dos rotadores e, desempenha um papel importantíssimo na estabilidade estática e dinâmica desta articulação.
As lesões da coifa dos rotadores são a causa mais comum de dor e incapacidade do ombro, sendo que pode variar desde inflamação, alterações fibróticas e/ou roturas parcial ou total. Geralmente caraterizam-se por um início insidioso de dor, mas também podem ter iníco agudo/traumático.
Estas lesões têm uma etiologia multifatorial, havendo uma interação entre fatores intrínsecos e extrínsecos.
Quais são os fatores de risco para lesão da coifa dos rotadores?
A idade avançada, por estar associada a um processo degenerativo, caraterizando-se pela diminuição da capacidade de cicatrização do tendão e consequentemente, maior progressão das lesões. Estudos demonstram que a prevalência de ruturas assintomáticas da coifa dos rotadores aumentam proporcionalmente com a idade.
O sexo masculino, cuja possível explicação será pelo esforço físico e uso excessivo do ombro e, porque há estudos que verificaram que a presença de estrogénio (hormônio sexual presente em indivíduos que menstruam) tem um efeito protetor na estrutura do tendão e nas propriedades mecânicas.
O Índice de Massa Corporal elevado, por estar associado à obesidade e a outras doenças do síndrome metabólico (diabetes, hipertensão e hiperlipidemia), que afetam o suprimento microvascular para os tendões da coifa dos rotadores. Assim como o aumento da adiposidade também pode ter um efeito negativo na saúde do tendão através da promoção de citocinas pró-inflamatórias e stress oxidativo.
O ombro dominante, devido ao uso excessivo, uma vez que a prevalência de destros é significativamente superior na população em geral, o ombro direito é o mais acometido.
História clínica de lesões no membro superior (por exemplo, síndrome do túnel cárpico, luxações, entre outras), pela sua associação a atividade repetitiva da extremidade superior e/ou instabilidade articular.
Atividade repetitiva e com o braço acima da cabeça, devido ao desgaste do tendão por microtraumatismos repetitivos e consequente perda da organização das fibras.
A identificação de fatores de risco associados às lesões da coifa dos rotadores é fundamental na previsão do diagnóstico assim como no desenvolvimento de estratégias preventivas.
De que forma a fisioterapia poderá intervir na prevenção destas lesões?
Na Neurodor inicialmente é realizada uma avaliação detalhada da condição do indivíduo de forma a detetar os fatores de risco e as necessidades que apresenta. De acordo com os resultados dessa avaliação é criado um programa de saúde especializado, que engloba:
Fortalecimento muscular, essencial para um bom equilíbrio muscular entre músculos agonistas e antagonistas, para que haja uma boa estabilização dinâmica do ombro; consciência corporal, para que conheça o seu próprio corpo, como ele funciona e quais são as suas limitações e condições físicas, assim como compreender qual a maneira mais adequada de realizar o movimento; flexibilidade muscular, que promove maior eficácia na realização de determinados movimentos, melhora a ativação do par agonista/antagonista, melhora a amplitude articular e reduz as forças de stress articular.
Quando necessário e possível, também são realizadas algumas estratégias, como avaliação ergonómica do posto de trabalho, para promover uma postura eficiente, na qual é mantido o equilíbrio com máxima estabilidade, mínimo consumo de energia e mínimo stress das estruturas anatómicas.
