A gestação acarreta inúmeras mudanças e adaptações físicas e psicológicas na mulher, requerendo a devida atenção e cuidados de vários profissionais para alcançar uma gravidez saudável. Para ajudar nesta caminhada, a prática de exercício físico desempenha um papel fundamental para manter um melhor condicionamento físico e emocional e, contribuir para a prevenção e tratamento de algum tipo de patologias advindas da gravidez, proporcionando uma melhor qualidade de vida para a mãe e para o feto.


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As evidências científicas têm demonstrado que a prática de exercício físico regular durante a gravidez está associado a inúmeros benefícios nos sistemas endócrino, reprodutivo, cardiovascular, respiratório e músculo-esquelético.

• Sistema Endócrino

O diabetes mellitus gestacional é considerado o distúrbio metabólico mais comum durante a gravidez. Esta condição aumenta o risco de pré-eclâmpsia, macrossomia e trauma de parto, hipoglicemia neonatal, diabetes mais tarde na vida, entre outros.

O exercício físico regular contribui para o equilíbrio dos níveis glicémicos, porque estimula a produção de insulina, normalizando os níveis de glicose no sangue e, reduz o risco do diabetes Mellitus.

• Sistema Reprodutivo

A incontinência urinária é uma patologia prevalente no período pré-natal e pós-parto, afetando 18-75% das mulheres no final da gestação e um terço das mulheres após o parto. O aumento da pressão sobre os músculos do pavimento pélvico devido ao crescimento do feto, aumento da pressão intra-abdominal e as alterações hormonais específicas deste período podem diminuir ou aumentar o tónus e a alterar a força desta musculatura.

Com os exercícios de fortalecimento e/ou relaxamento do assoalho pélvico (conforme a necessidade avaliada pela Fisioterapia uro-ginecológica), os músculos tornam-se mais eficientes e, desta forma a mulher possui um melhor controlo, ajudando na prevenção e tratamento da incontinência urinária.

• Sistema Cardiovascular

Os distúrbios hipertensivos comummente acarretados pela gravidez são a pré-eclâmpsia, que complica 2-8% das gestações e a hipertensão gestacional. Estes distúrbios estão associados a mortes maternas, crescimento fetal inadequado, parto prematuro e morte perinatal.

A sensação de pernas pesadas e inchaço é frequentemente reportado pela grávida, devido ao aumento de volume de sangue que aumenta a pressão nos vasos sanguíneo e às alterações hormonais.

O exercício estimula a circulação sanguínea, aumenta o retorno venoso e acelera a velocidade da circulação do sangue, desempenhando um papel importante na prevenção e controlo da hipertensão e diminui do risco de desenvolver pré-eclâmpsia.

• Sistema Respiratório

A função respiratória é afetada durante a gravidez pelo crescimento do útero que provoca uma elevação do diafragma, um ajuste na projeção da caixa torácica e das exigências por parte dos músculos respiratórios, culminando em queixas frequentes de dispneia.

O exercício físico aumentará a consciência corporal e melhoria da qualidade e padrão respiratório.

• Sistema Músculo-Esquelético

Estima-se que quase 50% das gestantes ultrapassam o peso ideal previsto. O ganho de peso gestacional excessivo está associado a um risco aumentado de diabetes gestacional, cesariana, trauma do canal de parto e retenção de peso pós-parto. A prática de exercício regular proporcionará à gestante o controle do peso corporal, através do gasto energético superior ao de repouso.

A dor lombo-pélvica relacionada à gravidez é muito comum, tendo uma prevalência superior a 50%. Esta condição afeta as atividades diárias (caminhar, trabalhar, dormir) reduzindo a qualidade de vida da gestante. O ganho de peso e alterações posturais durante a gravidez, projeção do centro de gravidade corporal para a frente e, aumento da pressão na região lombar são fatores mecânicos associados. O exercício físico ajuda a melhorar a postura e na prevenção e tratamento da dor lombo-pélvica através da consciência corporal, reforço muscular e melhoria da estabilidade lombo-pélvica, contrariando a sobrecarga nas articulações.

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Para além da importância da prática de exercício nestes diferentes sistemas, é de salientar que também a nível psicológico apresentava benefícios em casos de ansiedade, depressão. Uma vez que, a depressão durante a gravidez e no período pós-parto afeta aproximadamente 13% das mulheres e a ansiedade até 39%.

A prática de movimento e exercício físico deve ser orientada e planeada por um profissional da área da saúde especializado e com o acompanhamento do médico da gestante. O tipo e a intensidade do exercício devem ser adaptados ao nível de condicionamento físico da gestante, histórico médico e características da gravidez em curso.

 

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“A gestação é um período ímpar na vida da mulher e deve ser abordada com toda a singularidade necessária para que esse momento seja saudável durante todo o seu período.”

 
Na Clínica Neurodor, em Vila Nova de Famalicão, privilegiamos um acompanhamento cuidado e especializado, com Fisioterapeutas com formação avançada em Saúde da Mulher/ Saúde Pélvica e Exercício Clínico na Gradidez, bem como no período Pós-parto.


- Rafaela Raposo -
Fisioterapeuta da Clínica Neurodor
Especialista em Fisioterapia Músculo-esquelética e Exercício 

Referência Bibliográficas:

Leonardo Magela Lopes Matoso & Mónica Betania Lopes Matoso (2018). Evidências científicas acerca dos exercícios físicos durante a gravidez: uma possível prática?

Luise Fernanda Nogueira & Fernando Pereira dos Santos (2012). Benefícios do exercício físico para gestantes nos aspetos fisiológicos e funcionais

Maria Margarida Ribeiro, Ana Andrade & Inês Nunes (2021). Physical exercise in pregnancy: benefits, risks and prescription

Xiang Hu, at al (2020). Effects of exercise therapy for pregnancy-related low back pain and pelvic pain: a protocol for systematic review and meta-analysis