Fisioterapia na Gravidez e Pós-Parto na qualidade de vida da mulher.

Falar de uma gravidez e de um parto é provavelmente descrever um dos momentos mais impactantes, em vários níveis, na vida de uma mulher. Se durante a gravidez os olhos estão todos voltados no bem-estar da mãe, que carrega o novo ser, no pós-parto quase todas as atenções se remetem para o cuidado ao recém-nascido. A mulher deixa de se focar no autocuidado e parte das alterações quer físicas, quer psicológicas, ficam remetidas para segundo plano e a sua resolução tende a ser tardia e após implicações mais severas.
Sabe-se que cerca de 40% das gestantes vivenciam alguma forma de morbilidade durante a gravidez, levando algumas destas alterações e possíveis consequências do parto a alterações funcionais no pós-parto, implicando uma diminuição da qualidade de vida das mulheres e mesmo da sua funcionalidade, como é exemplo a dispareunia (dor na relação sexual), algum tipo de incontinência urinária, perda de funcionalidade abdominal, etc.
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A fisioterapia pélvica pode ajudar a amenizar e até mesmo a reduzir o risco de algumas implicações da gravidez e sequelas decorrentes do trabalho de parto, seja ele através de uma cesariana, ou por via vaginal.
Alguns estudos mostram que realizar exercícios para a musculatura do pavimento pélvico, durante a gravidez, previne a incontinência urinária durante a gravidez e até 3 meses após o parto.
No que respeita aos traumas perineais, que podemos descrever como qualquer lesão que ocorre durante o parto espontâneo ou devido a uma incisão cirúrgica, como a episiotomia, que aparece em cerca de 40 a 85% dos partos vaginais, levando a morbilidade materna a curto e a longo prazo, com o aparecimento de disfunções pélvicas, também aqui a prevenção parece ser a primeira abordagem.
Nos últimos estudos efetuados, a massagem perineal realizada de uma a duas vezes por semana, resultou numa redução de 17% do risco de laceração. Esta massagem, realizada de preferência pelo fisioterapeuta, deve ser feita a partir das 34 semanas de gestação e ajuda a aumentar a flexibilidade da musculatura perineal e diminuir a tensão muscular, permitindo, assim, ao períneo alongar-se durante o parto sem se romper.
Outro foco importante da intervenção da fisioterapia pélvica, agora no pós-parto, são as cicatrizes decorrentes de uma cesariana ou de alguma intervenção na musculatura perineal, como uma episiotomia. Avaliar e cuidar do processo de cicatrização e possíveis alterações logo após as primeiras 6 a 8 semanas pós-parto, demonstrou ser precioso para evitar morbilidades futuras.
Estão referidos neste texto apenas algumas das possíveis implicações de uma gravidez e do trabalho de parto para uma mulher, sendo fundamental passar a mensagem que muito daquilo que a mulher ouve como sendo consequências normais, são sim comuns, mas não alterações que tenha que aceitar sem procurar ajuda para as resolver ou amenizar. O direito a cuidar de si é fundamental na vida de uma mulher-mãe.
- Lúcia Costa -
Fisioterapeuta da Clínica Neurodor
Especialista em Fisioterapia Pélvica, na Saúde da Mulher e do Homem
Referências bibliográficas:
Bo Kari, et al (2003). Pelvic floor muscvle training during pregnancy to prevent urinary incontinence: a single-blind randomized controlled trial.
Dieb Amira, at al (2019). Perineal massage and training reduce perineal trauma in pregnant women older than 35 years: a randomized controlled trial.
Du Yihui, at al (2018). The Effect of antenatal pelvic floor muscle training on labor and delivery outcomes: a systematic review with meta-analysis.
Victoria, at al (2012). Pelvic floor disorders after childbirth: Effect os episiotomy, perineal laceration, and operative birth.

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